''Será que o tempo é a chave para a cura? Dizem que o tempo vai consertar e que a dor vai passar, mas todos estão errados. O tempo não cura nada nem mesmo a menor das dores. O instinto da sobrevivência, a vontade de se agarrar à vida e não desistir é o que nos torna capazes de levantar após qualquer queda. Somos nós, que curamos as nossas feridas. Somos nós, que devemos encontrar o caminho de volta. Mas também é óbvio que após cair ninguém se irá erguer já pronto para a próxima volta. É preciso recolher para dar-mos pontos nas feridas, contar as baixas e organizar melhor todo o sistema, para, em seguida, voltar-mos a lutar. Podemos muitas vezes ter imenso tempo e nunca recuperar-mos de uma queda ou de uma ilusão. Há quem se cure sozinho e há quem dependa dos outros, há quem nunca descubra a cura e há quem o faça rapidamente. Encontrar ou não a solução, depender ou não de outras pessoas para a encontrar, não é sinal de fraqueza ou os limites de coragem de cada pessoa. Afinal, cada um, sabe avaliar o sofrimento causado em si.''