14 de março de 2014

Avô ❤❤❤


Já estou para escrever aqui a algum tempo, mas a paciência não tem sido muita. Desde a ultima vez que cá vim aconteceu muita coisa... Entrei em 2014 com uma visão diferente em muitos aspectos e decidi fazer este ano realmente valer a pena, mas já estamos em março e as coisas não são assim tão fáceis. Comecei a namorar no dia nove do primeiro mês do ano e acho que fui demasiado precipitada porque decidi começar e lutar por algo que eu não tinha bem a certeza se queria. Não vou mentir, estou muito bem com ele, é uma pessoa impecável mesmo, que além de ser meu namorado, é meu amigo também. E é isso que o diferencia de todos os outros, isto porque ano passado não tive nada mais e nada menos com duas pessoas que mesmo sendo meus amigos, não me queriam mais bem a mim do que a eles. Adoro o vasco, neste momento se não o tivesse comigo não sabia o que fazer. Mas sinto que não me dedico tanto a relação como ele dedica e talvez não queira tanto isto como ele. Eu sei que é muito mau dizer isso e ainda mais sentir mas não posso fugir a verdade... não significa que não goste dele porque é mentira mas porque já passei por muito e infelizmente ainda existe uma pessoa que mexe comigo. Mexe comigo não sei porquê. É a pior pessoa que já gostei em toda a minha vida. Diariamente não existe 1 minuto que não pense nele, mas fujo a isso porque sei que é o melhor para mim. Mas tirando este ponto, que ninguém sabe, estou feliz por ter encontrado alguém que eu acho que me mereça e vice-versa. Ao namorar também sei que me afastei de alguns amigos, que fazem tudo por mim e não está certo da minha parte. Quando tiver mal por causa dele ou por outra coisa, desabafo com quem? Tenho pensado nisso...
Outro acontecimento muito muito triste que me marcou para sempre foi o falecimento do meu avô. Já estou a chorar só de ter dito esta frase. Já faleceu a três semanas e mesmo assim não me consigo mentalizar que ele partiu. Não éramos assim  tão chegados porque estávamos pouco tempo juntos, mas custa muito. Custa saber que a vida terminou para ele em tão pouco tempo e nos deixou aqui. Foi apenas em cinco dias que tudo mudou. Numa quinta estava numa aula de filosofia e estávamos a dar a matéria de diferenciar conhecimento de ilusão e eu estive juntamente com o meu grupo de trabalho, mais perto da stora falar sobre isso e eu falei deste meu avô. Disse que ele tinha ido para o hospital na noite anterior e que só esperava que tudo se resolvesse e que ele voltasse para casa num instante, mas nunca pensei que o final dele fosse mesmo naquele quarto de hospital. Disse naquele quarto porque estive com ele, lá. E foram só 4 horas que me marcaram para toda a vida. Entrei sozinha, tive de vestir luvas, máscara e uma capa e estava a minha avô a dar-lhe a mão a tentar falar com ele. Estava a três metros e para não a deixar mais triste, entrei imediatamente na casa de banho e chorei chorei ao ter visto o meu avô como estava. Estava com um aspecto totalmente diferente e só me vinha a cabeça como ele era antes. Naquela maldita cama estava magrinho, com os olhos fechados e não se conseguia perceber nada do que ele tentava dizer. Depois de já estar mais calma, respirei fundo e fui para o quarto outra vez. Tinha de ser forte, tinha de mostrar a minha avó que conseguia la estar. Estive sempre de mão dada com ele, chamei imensas vezes ''avô'' na esperança que dissesse alguma coisa mas ainda demorou um bocado. Tremia por todos os lados. Enquanto lá estive passaram mais pessoas por lá, inclusive a minha mãe e naturalmente o meu pai. Custou-me ver a minha mãe triste a dar-lhe de comer, a ver-la passar pela segunda vez por a mesma coisa. Claro que não sofreu tanto porque o pai não era dela mas tinha das pessoas que mais ama no mundo, ou seja o meu pai, a sofrer por estar a perder o pai. Entretanto quando só estava eu e se não me engano, a minha mãe e a minha tia, eu disse mesmo alto ''avô, sou eu'' e ele abriu por uns dois segundos os olhos. Esquece, nem sei dizer como me senti. Por um lado fiquei contente por me ter visto com ele mas por outro ocorreu-me que poderia ser a ultima vez que ele olhasse para mim. E foi, foi mesmo. Domingo a noite quando me fui deitar, senti uma sensação estranha mas acabei por conseguir adormecer pedindo a deus ou a maior força que existe para que ele não partisse. Acordei prai umas três vezes e quando dei por ela, eram 7 da manhã e ouvi barulho vindo da cozinha, levantei-me repentinamente da cama e quando lá entrei, já sabia o que tinha acontecido. Pareceu que não me ouviram mesmo e ele partiu. Abracei com todas as forças o meu pai e fui para o quarto chorar. Que eu me lembre mesmo, nunca tinha sofrido assim pela partida de alguém. Naquela tarde não havia outra coisa no meu pensamento senão o meu avô e o que todos nós estávamos a sofrer. No dia a seguir, já terça, foi o funeral. Sai do carro com dois ramos enormes e entrei antes dos meus tios na igreja. Tudo olhou para mim e só via de longe a minha avó a chorar quase sem lágrimas e tudo a volta igual. Não fui capaz nas primeiras duas horas de olhar directamente para a cara do meu avô porque me iria doer muito. Enquanto decorria a missa, chorava sempre. Era só gente lá, não só os meus familiares da Alemanha mas quase toda a freguesia. Por fim, quando a missa acabou, fomos todos em direcção ao cemitério e eu sempre ao lado da minha avó. Quando abriram o caixão pela ultima vez senti mesmo que era a hora da despedida e odeio esses momentos. Pus uma rosa no peito dele e dei-lhe um beijinho na testa fazendo-lhe festinhas no rosto e dizendo para mim que o iria fazer orgulhar-se da neta mais velha esteja onde ele estivesse. Depois de ter visto o meu avô pela ultima vez e ter passado por aquele dia muito mau, fomos buscar a minha irmã. Ela não foi connosco por ser pequenina e ficou com uma amiga, visto que podia reagir muito mal em relação a tudo. Eu que sou mais velha que ela 5 anos ainda agora me lembro daquele dia e dos momentos no hospital, mas principalmente quando o vi a abrir os olhos por minha causa. Mal chegamos a casa o meu pai disse que tinha que ir ao norte shopping e nós fomos com ele. Ele apenas foi lá buscar uma coisa e eu e ela ficamos no carro. Mal me apanhou sozinha naquele momento, perguntou-me logo como tinha sido e eu com uma lágrima disse que naturalmente não tinha sido fácil. E só a ouço uns segundos depois '' vou ter saudades de quando ele dizia: eu também estou'' e começa a chorar agarrada a mim. Aí caiu-me tudo. Não a larguei e chorei com ela. Apesar de as vezes ser-mos chatas uma com a outra não existe mais nenhuma miúda no mundo de que goste e proteja tanto. O ''eu também estou'' vinha de quando ela atendia o telefone e dizia ''estou'' e ele para a fazer rir dizia isso. Sim, o meu avô tem quatro filhos e todas as noites, não descansava se não ligasse para todos a perguntar se estava tudo bem. Era maluco pelos filhos, fazia tudo por eles. O meu pai sempre que ia trabalhar estava sempre a ligar para perguntar se já la tinha chegado e se estava tudo bem com ele etc, não ia dormir sem estar sossegado. Como já disse, ver alguém de quem gostamos muito partir não é fácil, mas nunca pensei que custasse tanto. Sempre que agora está de noite e encontro-me fora de casa, olho sempre para o céu a procura da maior estrelinha.
E a maior estrelinha, é a dele! É ele a mostrar que está a cuidar de mim seja quando for. Nunca o vou esquecer, aconteça o que acontecer. É um guerreiro, um verdadeiro pai e senhor. Como disseram ''o melhor de todos os irmãos''.
Estará sempre na minha memória e prometo que se vai orgulhar sempre de mim <3